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Dez e Pouco – Trestles

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DEZ

Mick Fanning – Esta é a história de um australiano que a três provas do final da época está na liderança do circuito mundial. Reservado o suficiente para ninguém falar dele, aparece nos heats e quase sempre ganha-os. Em Trestles fez isso mesmo, ganhou até começar a pensar. Deve ter começado a pensar quando, no Round 5 e já com Slater e Parkinson fora de combate, lhe apareceu pela frente o sul-africano Travis Lodge (que provavelmente deve receber um extra da ASP por todos os anos ajudar a tornar mais interessante a luta pelo título mundial). A seguir, perdeu. Dizem que Mick Fanning é um dos melhores surfistas do mundo, mas que ainda não conseguiu ganhar nenhum campeonato este ano. Joel Parkinson, o atual campeão do mundo, chegou lá com apenas uma vitória, na última prova, em Pipeline. A história de Mick é a história de um australiano que a três provas do final da época está na liderança do circuito mundial.

Kelly Slater – Foi quase reconfortante ver Slater perder em ondas pequenas e contra o herói local, Pat Gudauskas. Se Kelly chegar ao décimo segundo título mundial, e tudo indica que a luta será entre ele e Fanning, o Hurley Pro 2013 será uma minúscula nota de rodapé na história do surf. Não merece mais do que isso, de tão chato que foi.

Jordy Smith – Matematicamente, Jordy Smith é candidato ao título mundial. Mentalmente também. Na Califórnia voltou a fazer o que tem feito tão bem durante o ano. Destruiu onda atrás de onda, por mais pequena que fosse. Na meia-final quase não teve hipótese: quando apanhou a primeira onda boa, já Taj Burrow tinha feito 15,83 pontos. Matematicamente e mentalmente, Jordy é capaz. Resta saber se ainda vai a tempo.

Taj Burrow – A história é conhecida. Há uns anos, numa final em Trestles contra Kelly Slater, o diretor da prova reuniu-se com os dois surfistas para acertar a duração do heat. Taj queria 35 minutos. Slater preferia 40. Ficaram 40. Até aos 35 minutos, Taj esteve na frente. Nos dois minutos seguintes, também. Mas depois, aos 37, Slater apanhou a onda que virou o resultado. De certa forma, no mundo de Taj, Taj já tinha ganho um campeonato em Trestles. Mas este ano Taj decidiu convencer o resto do mundo. Quem ler tudo o que aqui se tem escrito ao longo do ano não pode ficar surpreendido com o resultado. Surpresa, e das grandes, será se o australiano de Yallingup fizer o mesmo em França, em Peniche e no Havai. Será mais do que uma surpresa. Será a melhor história de todos os tempos.

Joel Parkinson – Joel já está de férias. Privilégios de ser campeão mundial em título. Praticamente afastado da corrida para a revalidação – a conjugação de cenários é tão complexa que roça o impossível – pode tornar-se mais letal do que nunca. Seguem-se três campeonatos de (espera-se) ondas tubulares e poderosas. Parkinson vai estar em freesurf. Esperemos para ver os estragos que irá provocar. Não nas ondas, pobres ondas que serão destruídas, mas nas contas.

Josh Kerr – É mais um no campeonato dos tranquilos. O caminho à sua frente é tão demasiado longo, tão longo como o que tem para trás. O que na elite do surf mundial, não sendo o melhor, é um bom lugar para se estar. Kerr provou em Trestles que merece ter cartão de residente no Top 10. O bag of triks do australiano tem um pouco de tudo com muita qualidade. A bagagem ideal para um mês na Europa.

Julian Wilson – A luta entre a tradição e a inovação é uma constante ao longo da história e o surf não escapa. Talvez seja demasiado ousado escrever que vivemos tempos de mudança, mas a verdade é que a discussão sobre os méritos do surf fora de onda, território até há pouco tempo inexplorado, está mais viva do que nunca. Há quem ame e quem odeie – mantendo-se os últimos fiéis às manobras fortes de rail. Filipe Toledo vs Taylor Knox. O critério dos juízes parece estar algures entre ambos, o que ajuda a perceber a atual composição do Top 10, feito de surfistas capazes de percorrer essa terra do meio. Julian Wilson não é Medina nem JJ Florence. Mas nos seus melhores dias consegue ser o melhor dos dois.

Adriano de Souza – Adriano perdeu no round 5 para Taj Burrow e, de certo modo, parece conformado por ficar mais um ano longe do título. Sim, porque é para isso que ele surfa. É para isso que põe toda a força nas manobras. E é por isso que, para o ano, será outra vez o brasileiro mais bem colocado para levar a taça. E que festa seria em ano de mundial de futebol.

CJ Hobgood – Fica e fica e fica e ainda bem que fica. As ondas de CJ podiam ser compiladas em vídeo e editadas como guia para surfistas de todos os níveis. Não há um dedo fora do lugar. Dá gosto. A sério.

Michel Bourez – Passa por estes dias nas rádios que faz um brincadeira engraçada com a matemática. Pense num número de 1 a 10. Multiplique-o por 2. Some seis. Divida por dois. Ao resultado, subtraia o número que pensou em primeiro lugar. O resultado é 3. O resultado é sempre três. Vamos tentar algo diferente. Pense num surfista taitiano de 28 anos. Agora some o facto de a sua onda preferida ser Teahupoo. Multiplique isso por todas as ondas tubulares e monstruosas que ele já apanhou na vida e, também, por todas as manobras poderosas que o caracterizam. Subtraia as ondas feias e pequenas que ele teve de surfar na meia-final contra um inspirado Julian Wilson. O resultado é que Michel Bourez perdeu. Perderia sempre.

E POUCO

Hurley Pro – Começou com ondas boas e um nevoeiro chato que as escondia. Acabou com céu azul, sol e com ondas que mais valia estarem escondidas.

Roxy Pro – Com o Quiksilver Pro prestes a começar, uma palavra para o Roxy Pro que acabou de acabar. O último dia de prova em Hossegor fica para a história do surf feminino. Do surf. Sally Fitzgibon fez um 10 nos quartos de final diante de Stephanie Gilmore e Tyler Wright fez outro na final contra Sally – que acabou por vencer. As ondas estiveram perfeitas, o nível de surf é assustador e, melhor do que tudo, a próxima campeã mundial será conhecida no Cascais Girls PRO, última prova do ano, que começa dia 3. Tyler e Carissa Moore estão na luta

Barton Lynch – Foi um dos melhores surfistas de sempre. É o melhor comentador de surf de sempre. Ponto final.


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